
Com o objetivo de modernizar a infraestrutura aeroportuária e viabilizar a retomada dos voos comerciais, a Prefeitura de Feira de Santana (BA) autorizou a ampliação da pista de pouso e decolagem do Aeroporto Governador João Durval Carneiro. A licença ambiental foi concedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Semmam) e publicada na edição do último sábado (19) do Diário Oficial do Município.

A autorização, emitida por meio da Portaria nº 96, permite a extensão da pista em 300 metros, passando dos atuais 1.500 para 1.800 metros de comprimento. A ampliação é vista como um passo estratégico para atrair novas rotas comerciais e permitir a operação de aeronaves de maior porte.
Desde 30 de junho de 2024, o aeroporto está sem voos comerciais. A última decolagem foi de uma aeronave da Azul Linhas Aéreas com destino a Recife (PE). Atualmente, o terminal é utilizado apenas por aviões particulares, táxis aéreos e unidades de terapia intensiva aérea.
Segundo a secretária da Semmam, Jaciara Moreira da Costa, a obra é fundamental para a integração da cidade às principais rotas aéreas do país. “A ideia de ampliação é para que retornem os voos comerciais e que aeronaves de maior porte possam operar no aeroporto. Esse foi o pontapé que faltava para que o desenvolvimento venha com responsabilidade para Feira”, afirmou.
Compromisso ambiental e técnico
A nova licença ambiental mantém a validade da Licença de Operação anterior, emitida em 2020, mas impõe uma série de exigências técnicas e ambientais à administradora do aeroporto. Entre as obrigações estão:
- Monitoramento da qualidade do ar e dos níveis de ruído;
- Implantação de um Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional (SGSO);
- Elaboração dos Planos de Emergência e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (PEAA e PPAA);
- Levantamento da fauna urbana na Área de Segurança Aeroportuária (ASA);
- Plano de gestão de resíduos;
- Controle do lençol freático e prevenção de contaminações;
- Inventário florestal e plano de restrição ao uso de aeronaves poluidoras.
As medidas visam garantir que o projeto de expansão ocorra em conformidade com as normas ambientais federais e estaduais, promovendo um desenvolvimento sustentável para o município.
Estrutura atual é alvo de críticas
Apesar do avanço, especialistas apontam que a ampliação da pista em apenas 300 metros é insuficiente para atender à demanda futura. Durante audiência pública realizada na Câmara Municipal em 27 de março de 2025, o professor José Renato Sena, do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), afirmou que o aeroporto possui uma demanda reprimida e precisa de uma infraestrutura mais robusta.
De acordo com estudos do Laboratório de Transportes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o aeroporto tem potencial para atender até 964 mil passageiros por ano até 2052, desde que receba os investimentos adequados.
“O que falta não é demanda, é estrutura para suportar essa demanda. Para receber aeronaves maiores, a pista deveria ter ao menos 2.200 metros de comprimento por 45 metros de largura”, destacou Sena. Ele também criticou o tamanho reduzido do pátio, que hoje comporta apenas duas aeronaves, e a fragilidade da pista de táxi.
Histórico recente de suspensão de voos
A Azul Linhas Aéreas, última companhia a operar voos comerciais em Feira de Santana, suspendeu suas atividades em julho de 2024. Os voos para Recife haviam começado em 2022, por meio de uma parceria com o Governo da Bahia, com frequência de até cinco operações semanais.
Antes disso, em dezembro de 2023, a Voepass Linhas Aéreas também encerrou os voos que ligavam a cidade a Salvador, devido à baixa taxa de ocupação, apenas 32% em média.
Com a autorização para ampliação da pista, a prefeitura espera reverter esse cenário e recolocar Feira de Santana no mapa da aviação comercial regional, fortalecendo a economia local e a conectividade com outros centros urbanos.

