A construtora terceirizada, Jinjang Construction Brazil Ltda, responsável pelos operários chineses que foram retirados das obras da fábrica da BYD em Camaçari (BA), sob acusação de trabalho análogo à escravidão, se manifestou através das redes sociais e contestou a situação de “escravizados” dos seus funcionários.

“Serem injustamente rotulados como ‘escravizados’ fez com que nossos funcionários se sentissem com sua dignidade insultada e seus direitos humanos violados, ferindo seriamente a dignidade do povo chinês. Assinamos uma carta conjunta para expressar nossos verdadeiros sentimentos,” declarou a empresa.

Uma força tarefa do MP e da Polícia Federal, realizada na última segunda-feira (23), resgatou 163 trabalhadores chineses na fábrica da BYD, em Camaçari (BA).

A ação interditou uma cozinha, bem como atividades de escavações profundas. Além disso, os agentes relataram condições de trabalho degradantes, com alojamentos sem oferecer condições dignas de higiene e o mínimo de conforto.

Aos 30 anos, Otávio Kaxixó conseguiu um marco histórico: tornou-se o primeiro indígena Kaxixó a se formar em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG.

O desejo dele é um só: tornar-se referência e abrir as portas para outros. O novo médico é da aldeia Capão do Zezinho, população com aproximadamente 89 indígenas aldeados, à margem esquerda do Rio Pará, Martinho Campos.

Desde jovem ele sonhava em cursar Medicina, mas por conta dos desafios, pensou em desistir várias vezes. Em 2019 a aldeia toda vibrou com sua aprovação. Agora, eles vibram ao ver Otávio subir no palco e pegar o diploma com o maracá e um cocar na cabeça. Histórico! “Nunca mais uma medicina sem nós”, disse ele em uma publicação no Instagram.

Pensou em desistir

Quando estudava para o vestibular, foram várias reprovações. E não foi só uma vez que ele pensou em desistir.

Além de enfrentar os desafios diários que um indígena enfrenta no país, parecia que ele nunca conseguiria cursar a tão sonhada Medicina.

Mas tudo mudou em 2019. Depois de muita dedicação e superação, a aprovação veio. Vitória coletiva da aldeia!

“Em meu último ano da faculdade de Medicina estar aqui não é somente por ocupar uma cadeira no mais alto curso de “elite”. Estar aqui é sinônimo de resistência e ao mesmo tempo estampar e provar pro mundo que não importa de onde viemos, somos capazes de conquistar o que também é direito nosso – acesso a universidade”, compartilhou o agora médico.

Estágio em Saúde Indígena

Durante os 6 anos de curso, Otávio sempre fez valer sua vivência, de onde veio.

Quando entrou no curso, ele sabia que gostaria de passar por um internato em território indígena, e conseguiu.

O jovem teve a oportunidade de atender indígenas no Parque Indígena do Xingu e, para ele, a experiência foi intensa.

“Foi muito interessante ser indígena e estar dentro de uma equipe não indígena atendendo indígenas. Acredito que tenha afinado ainda mais o meu cuidado para lidar com a saúde dos povos tradicionais”, destacou.

Cocar e Maracá

E quando foi chamado para receber o diploma no palco, Otávio comemorou muito. A plateia que estava no local, também aplaudiu de pé o jovem médico.

Com um Maracá na mão esquerda e um cocar na cabeça, ergueu o instrumento e gritou em voz alta: “É nosso!”.

Agora, além de se tornar médico, ele também quer ser referência.

“Enfim, 1° Kaxixó Médico pela UFMG. Que eu não seja o único e sim, a referência de continuidade”, finalizou.