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Rebeca Batista Duarte e Nelson da Silva Santos convivem com o luto após o filho do casal morrer horas após o parto, na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia. Os dois acreditam que a criança poderia ter sobrevivido caso não houvesse omissão de socorro por parte do Serviço Móvel de Urgência (Samu) da cidade.

“Se o Samu tivesse dado socorro, ele teria tido muitas chances de vida. A gente teria ele aqui até hoje”, desabafou o pai do bebê.

Abatida, Rebeca Duarte conta que o nascimento da criança era um sonho para o casal.

“Estava esperando ele com carinho e amor. Uma pessoa impediu meu filho de vir ao mundo, porque não quis atender o chamado da gente”, afirmou.

A Secretaria Municipal de Saúde de Ilhéus abriu um processo administrativo na terça-feira (11) para investigar a denúncia de omissão de socorro.

A medida foi adotada após Rebeca registrar um boletim de ocorrência onde alega ter ficado cerca de quatro horas em trabalho de parto, no domingo (8), enquanto aguardava a chegada de uma unidade do serviço. Após a espera, o bebê morreu. O corpo da criança foi enterrado nesta terça.

”Precisamos entender o que ocorreu, a forma que ocorreu e se a abordagem de todo o procedimento do Samu foi dentro dos protocolos”, explicou André Cezário, secretário de saúde de Ilhéus, sobre a abertura do processo.

Nelson e Rebeca relataram o tratamento recebido pela responsável no atendimento da solicitação. A médica teria dito que o Samu não pode buscar pessoas em trabalho de parto, que ”teria coisas mais urgentes para resolver” e orientou que a família se locomovesse por conta própria para uma unidade de saúde.

O coordenador do Samu, Cyomar Dias, disse na terça que a orientação de comparecer a uma unidade de saúde foi feita pela médica devido a ausência de ambulâncias na base. Segundo ele, o serviço conta com quatro unidades e apenas uma é do tipo avançado, número que seria insatisfatório.

”Infelizmente a quantidade de ambulâncias que nós temos não é uma quantidade que seja satisfatória para que atenda toda a população de Ilhéus. Por isso é preciso que seja feita uma triagem para ver que tipo de ocorrência podemos atender, o que acaba gerando todos esses transtornos”, falou.

Por meio de nota, a SMS havia informado que os pais realizaram duas ligações, uma por volta das 0h e outra às 5h, momento em que Rebeca informou sobre o nascimento da criança. Entretanto, Cyomar informou que no sistema constam quatro ligações, realizadas às 1h35, 1h17, 2h5 e 5h18.

Segundo relatos de Nelson, Rebeca teria entrado em trabalho de parto por volta de 0h. A criança nasceu às 4h e a unidade do Samu chegou às 5h30.

A Polícia Civil investiga o caso e o laudo pericial do Departamento de Polícia Técnica (DPT) deve esclarecer as causas da morte da criança.

Entenda o caso

Na madrugada de domingo, Nelson e Rebeca solicitaram uma unidade do Samu, após a mulher, grávida de oito meses, entrar em trabalho de parto. A ligação foi realizada pois eles moram no bairro Novo Ilhéus, uma região considerada de difícil acesso, segundo Nelson.

Entretanto, a médica responsável pela solicitação teria rejeitado a ligação e se recusado a enviar uma unidade.

O Samu prestou atendimento após o nascimento da criança, que foi encaminhada para um hospital, mas chegou sem vida. A família registrou um Boletim de Ocorrência do caso.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou na segunda-feira (10) que apura a denúncia e que nos dados da ficha de regulação médica consta que na primeira ligação da gestante para o Samu foi informado que a ambulância avançada não estava disponível no momento. A ficha traz ainda a informação de que a família teria sido orientada a ir para um hospital por meios próprios.

Fonte G1 Bahia

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