

O Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), deu início nesta terça-feira, 8 de julho, à terceira edição do curso básico de Língua Brasileira de Sinais (Libras), voltado para trabalhadores da unidade. A iniciativa faz parte do projeto Librando na Saúde, resultado de uma parceria entre o hospital por meio do Centro de Educação Permanente (CEPER) e do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH) e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Com encontros semanais, o curso segue até o dia 30 de setembro, totalizando 40 horas de carga horária. Ao final da formação, os participantes que tiverem pelo menos 75% de frequência receberão certificação emitida pela UFRB.
Esta é a terceira turma do projeto, iniciado em 2019, com o objetivo de fortalecer a política de humanização hospitalar e garantir o direito à comunicação das pessoas surdas no ambiente de saúde. A proposta pedagógica promove uma aprendizagem significativa da Libras, com foco em práticas de interação que favorecem a inclusão e o acolhimento.
Durante a solenidade de abertura, a professora Midian Jesus, docente da UFRB e integrante do projeto, destacou que a ideia do curso nasceu da sensibilidade do próprio hospital:
“A gente costuma dizer que a universidade vai até a comunidade, mas nesse caso, foi o Clériston que veio até a universidade. O CEPER, juntamente com a Diretoria de Enfermagem, nos procurou ainda em 2019, trazendo uma demanda real: pacientes surdos estavam chegando ao hospital e enfrentando barreiras para se comunicar. A partir disso, construímos juntos esse projeto, com foco em acessibilidade, inclusão e pertencimento da comunidade surda aos serviços de saúde”, explicou.
Ela relembrou que, antes da primeira turma, muitos surdos sequer identificavam o Clériston Andrade como um espaço acessível:
“Durante as aulas, percebemos que o hospital nem tinha um sinal próprio em Libras. A comunidade surda não reconhecia o Clériston como referência porque faltava comunicação. Hoje, isso mudou. Eles identificam o hospital pelo sinal ‘35’, referência à linha de ônibus e ao Batalhão de Infantaria do exército. Isso mostra que houve reconhecimento, pertencimento e vínculo.”
A diretora de Enfermagem do HGCA, Tayse Moura, parabenizou os participantes e reforçou a importância do curso:
“Mais do que aprender uma nova língua, estamos falando de empatia. Quando alguém procura o hospital, já está fragilizado. Se ainda enfrenta a barreira da comunicação, isso se torna ainda mais difícil. Este curso é sobre cuidar melhor, com mais respeito e dignidade.”
A coordenadora do GTH, Milena Moreira, também enfatizou o papel da formação:
“A inclusão precisa estar presente em todos os espaços do hospital — seja na assistência, na gestão, no administrativo. Com essa formação, ampliamos o número de profissionais preparados para acolher a comunidade surda de forma segura e humanizada.”
Já a coordenadora do CEPER, Elizabete de Jesus Lopes, explicou a importância do curso:
“Mais do que uma capacitação, este é um compromisso com o cuidado digno e acessível. O Clériston está cada vez mais preparado para ser um hospital que respeita todas as formas de comunicação. A expectativa é que o curso continue formando novas turmas e ampliando o alcance da Libras no cotidiano hospitalar.”
A equipe do projeto é composta por professores e monitores da UFRB, com experiência em ensino, pesquisa e extensão:
- Amanda Cristina Dias do Carmo – Graduanda em Engenharia de Energias (UFRB)
- Albery Pires França Vasconcelos – Mestre em Educação e Diversidade (PPGEDCID/UFRB)
- Camilla Conceição de Brito – Graduanda em Engenharia de Produção (UFRB)
- Midian Jesus de Souza Martins – Doutora em Estudos Linguísticos (UEFS) e Professora de Libras (UFRB)
- Sátila Ribeiro – Doutora em Educação (UFBA) e Professora de Libras (UFRB)
Fonte: ASCOM/HGCA